terça-feira, maio 15

O Aranhiço, as Pipocas e a Pepsi

Não gosto de aranhas. Mesmo nada. Por isso, um tipo que se transforma numa coisa parecida com uma aranha, e lança teias e tudo, não me seduz grande coisa.

Mas lá está, fim-de-semana familiar (não este, o anterior), a criançada gosta do aranhiço, e vá de ir até ao cinema mais próximo ver o Spiderman 3.

Fraquinho. Muita parra, pouca ou nenhuma uva. Na primeira parte, o bocejo… o filme parece que não desenvolve. Na segunda parte, … heh… the usual.

Ok, o rapazote é presenteado acidentalmente com a presença de um alienígena que se lhe cola ao corpo e o transforma numa atrevida e agressiva aranha preta (por acaso até gosto mais do outfit, aquele azul e vermelho tão God Save America já enjoa). Ao mesmo tempo, tem um rival que não gosta mesmo nada dele, e acaba por lhe ficar com o alienígena, que o transforma numa coisa parecida ao Spidey, mas mais feiosa – porque esse era mesmo mau, digamos que sobressaía a sua essência – a parte mais profunda do filme, ena, ena.

Ainda o amigo cujo pai se matou no 2, mas que alegadamente morreu às mãos do aranhiço – o amigo ora quer esborrachar a aranha, ora bate com a cabeça, fica amnésico e é o seu buddy, ora é visitado pelo pai, lembra-se da vingança e tenta tirar a namorada do aranhiço, e acabar com ele. Depois, o mordomo diz-lhe que não, que afinal o pai era mau, e vá lá, o amigo até morre pelo aranhiço na luta final.

Ainda o tipo que foge da prisão injusta, por ter sido acusado de matar o tio do Spidey. Ao fugir, cai num buraco, leva com os raios de uma experiência científica, desintegra-se e transforma-se num monstro de areia, e fica mau – ainda dá umas sovas valentes no aranhiço, mas depois este perdoa-lhe, porque o homem afinal só queria salvar a filha da doença.

A namorada do aranhiço – uma ruiva magrinha que está farta do sucesso e do egocentrismo do namorado e do seu próprio fracasso como cantora. Cai na esparrela do amigo-que-já-não-era-amigo-e-depois-foi, porque não gostou de ver o aranhiço aos beijos a uma loira que, por acaso era a namorada do rival que se tranformou na aranha feiosa.

Mas acaba tudo em bem – morrem os maus (bem, um é perdoado e foge), morre um que ficamos sem saber se é mesmo mau ou mesmo bom, a rapariguinha fica com o mesmo emprego da treta, e o Spidey, afinal, é um gajo que dá cabo da vida a toda a gente….

Ridícula é uma aparição do Aranhiço a voar com a bandeira americana ao vento, como pano de fundo, a aparecer em cena para salvar a situação - ainda por cima tendo em conta que o amigo é que o safou, e morreu por ele…

Mais ridículo ainda - Pipocas e Refrigerantes dentro do cinema. Mas quem foi o grande nabo que teve a infeliz ideia de permitir a venda destes artigos junto com os Bilhetes????!!!!! A malta põe-se ali, a escolher os sabores, e o resto do povo – que vai acabar por fazer o mesmo, que espere… dá vontade de comprar o filme pirata e ir ver para casa – e fica muito mais barato e tudo, que os 15 euros que paguei davam para 4 filmes….

E depois, é passar o tempo todo a ouvir a malta a roer as malfadadas pipocas e a sorver a porcaria das pepsis, como se não houvesse amanhã, mudando a intensidade do mastigar e do sorver consoante a emoção do filme – AAAARRGGGHHHH!!!! E depois, ter que sair da sala e pisar a esterqueira toda que ali se armou e transformou aquilo numa pocilga peganhenta.

Enfim, que saudades do Cineteatro Avenida – essa grande sala de cinema, em que era proibido comer. E que foi votada ao abandono e aos filmes de classe B. Lamentável.

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