quinta-feira, agosto 31

Apontamento # 1

"O jornal O Independente sairá amanhã para as bancas pela última vez, depois de falhadas duas tentativas de encontrar um novo investidor. O anúncio foi ontem feito à redacção pela directora, Inês Serra Lopes, também ela accionista do título, com uma quota que ronda os 20 por cento. Contactada pelo PÚBLICO, a directora recusou-se a fazer comentários, apenas confirmando o encerramento." (Público, hoje)
O "filho" do MEC e do PP, afilhado da ISL, está moribundo. O funeral será amanhã. Agora, vão ver se a marca vale ainda alguma coisa, e declarar falência. Disse-se (Miguel Falcão) que é pena, que faz falta ao país um semanário de esquerda. Ora, em primeiro lugar, e apesar de sabermos de antemão que a comunicação social se politiza cada vez mais, tenho para mim que isso está errado: "jornal de esquerda", "jornal de direita", "pasquim anti-fascista", "periódico fascizóide", whatever, a informação deve ser uma visão clara dos que escrevem sobre a actualidade, mas não só numa visão estritamente política. Nos jornais que lemos, muitos jornalistas foram substituídos por políticos, comentadores, entendidos não se sabe muito bem em quê, que usam do poder dessa forma de media para achincalhar o próximo, e tentar impôr verdades tão absolutas como a existência do Pai Natal e da rena Rodolfo. Cada um pensa como cada qual, é verdade, mas os jornais servem mais o propósito de propaganda do que qualquer outra coisa. Não todos, e uns mais que outros, claro.
Em segundo lugar, se o jornal fizesse relamente falta ao país, não estava em situação de falência. Temos jornais nas bancas que lideram vendas, há muito tempo, se o Independente não o faz, é porque não interessa. Neste campo, ainda é o leitor que comanda. E o leitor só compra o que gosta de ler, certo? Arrume-se o assunto.
Deixem-se de tretas: deixem de pensar como políticos, deixem de se lamuriar, e comecem a pensar como jornalistas, por um lado, e como empresários, por outro - sejam espertos, formatem outro tipo de publicação, mexam-se. A cabeça serve para alguma coisinha, não? A Inês Serra Lopes, pelo menos, tem perfil para criar coisas muito interessantes, se se puser realmente a trabalhar. Espero para ver.

1 comentário:

Casemiro dos Plásticos disse...

é triste ver um jornal acabar e que foi importante no tempo que nasce...